21 de março de 2012

O RATO


Há meses vinha sentindo o seu cheiro azedo nas paredes de tábua e nos móveis, há meses vinha escutando o barulho das suas patas no sótão e no assoalho e o derrubar de coisas, que guloso e daninho, provocava no meio da noite. Eu o odiava há meses. E agora está aqui espetado no garfo. Escorregou do caibro e caiu sobre a mesa e jaz aqui, de olhos esbugalhados, causando-me alegria, prazer e nojo, espirrando de sangue a mesa e estragando-me a janta.










Do livro Um arado rasgando a carne.

Nenhum comentário: